Monday, November 11, 2013

Um brinquedo raro






Eletrodomésticos?Sem serem rosa?

Antes que uma potencial shitstorm aconteça - sim, eu curti essa ideia.

Saturday, November 9, 2013

Mesa de Doces

Olá a todos.

Enquanto consumidor, eu gosto das compras onde o vendedor deposita certa confiança no cliente.Apesar de ser de uma área que cada vez mais automatize todo tipo de processo, desde a venda de uma barra de cereal até a fabricação de um carro, gosto de quando o vendedor não vê o cliente como um potencial ladrão, que roubará seu produto.

Em outro texto (o qual, se tiver mais tempo, postarei um dia aqui), comentei sobre uma padaria que, ainda em 2012, operava a moda antiga:Você pegava os pães e dizia o quanto precisava ser cobrado no caixa.Grande parte disso rodava em cima de confiança, e era algo que eu acho interessante.
A confiança no cliente é a base de vários pequenos negócios (sim, pequenos mesmo) espalhados mundo afora.Uma amiga minha, que morou na Alemanha, comentava que em algumas casas, era costume vender frutas posicionando-as fora de casa, com um cofre ao lado.A pessoa que quisesse eventualmente comprar uma fruta precisava apenas pegar a fruta desejada e depositar o dinheiro no cofre.

Já vi na TV um mini-mercado de alguma cidadezinha do Oriente Médio, que funcionava de maneira análoga.Em ambos os casos, percebe-se que a confiança no consumidor é algo essencial - nada impede do produto ser roubado ou que um valor menor ao preço seja pago por um consumidor desonesto.A coerção existente é algo muito moral, pois muitas vezes quem vende coisas nesse esquema precisa do dinheiro advindo da venda para algo bem importante.Não que isso torne o roubo mais ou menos condenável, mas é evidente que isso acaba mexendo um pouco na cabeça de quem roubaria algo desse tipo de comércio.

Após ouvir comentários de vários colegas, decidi visitar uma versão diferente desse tipo de comércio, que é uma mesa de doces, situada na FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP), conhecida como a mesa de doces da FEA.Parece que existe uma outra mesa, como essa, na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), mas nunca a vi.


Mesa de doces da FEA.Foto tirada em out.2013

Para comprar algo na mesa de doces, é simples:basta pegar uma dada quantidade de doces, pagar o respectivo preço (no respectivo cofre), e pronto!

Vamos analisar alguns aspectos do modelo da mesa de doces.A desvantagem mais evidente é que existe certa facilidade para o roubo de produtos, já que não existe uma vigilância ou uma certa proteção.Outra desvantagem é que eventuais intempéries podem acabar estragando/danificando os produtos em exposição (imagine comer uma barra de chocolate que está exposta a 32º C).

A vantagem é que, quando o consumidor é honesto (o que tende a acontecer), o produto se vende sozinho.A honestidade pode ser atribuída tanto a própria índole do consumidor, que atrela o vendedor da mesa de doces a uma pessoa que precisa do dinheiro para algum fim, como quanto a uma certa coerção moral através das redes sociais (não é raro encontrar críticas severas a eventuais pessoas que roubem doces).

Para o vendedor, a evidente vantagem é que não se faz necessário muito trabalho para vender os produtos.Muitos dos vendedores deixam os produtos no amanhecer e vem recolher os dividendos e eventuais produtos restantes mais a noite.Ou seja, é uma certa renda extra (não acho que se ganhe o mesmo que um standzinho ou uma barraca de pipoca ganhe na rua), com um esforço mais reduzido.

Vale lembrar que o custo de administração da mesa de doces é muito baixo (senão zero), pois ela basicamente consiste de mesas deixadas ao relento.Não existe uma restrição a quem possa vender doces.Quem chegar, pode vender (se ainda houver espaço, é claro).

Para nós, consumidores, a vantagem se encontra nos preços.Muitas vezes, lanchonetes em faculdades e outros tipos de estabelecimentos valem-se de fatores como exclusividade (i.e. ausência de concorrência em um certo perímetro) e distância (por exemplo, ninguém gostaria de ter que andar 2km até uma outra lanchonete para comprar um salgado) para aumentar um pouco mais os preços.

Pelo que eu observo, os preços de doces vendidos na mesa de doces tendem a ser menores do que os dos seus pares, ao serem vendidos em lanchonetes tradicionais.Observa-se também uma maior diversidade de produtos, que vão desde produtos industrializados até doces artesanais.

Quando eu posso (e passo na FEA), costumo comprar algo lá.É uma ideia interessantíssima não só às demais faculdades que integram a USP como a várias outras organizações pelo mundo.Imaginemos um prédio de escritório, um banco, uma repartição pública.Nesses lugares, a aplicação desse conceito geraria tanto uma redução de custos administrativos (por exemplo, uma lanchonete não precisaria ocupar um espaço grande) como também um certo retorno aos funcionários (que recebem dividendos extras e produtos de boa qualidade). Creio que valha a pena pensar na expansão desse conceito para outros lugares.